terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

"Série: Criando uma mente saudável"

O Educador e a Educação 
A educação verdadeira começa com o pai ou o educador, que deve primeiramente compreender-se, ver a si mesmo, como é e age, em casa e na rua, e então livrar-se dos padrões que criam os comportamentos desajustados, tudo aquilo que não educa. Isso é fundamental, porque aquilo que eles são como adultos, inseridos nessa cultura social, ou nação, com seus vícios, seus hábitos, suas crenças, isso, eles transmitem para seus filhos e educandos. 
Se ele, o adulto, não for educado corretamente, o que pode dar para seus educandos senão aquilo no qual ele próprio crê, ou prefere? E os seus pontos de vista, as conclusões e conjunto de valores que já fazem parte do seu caráter? O problema não é então educar a criança, mas educar o educador. Isso vale para os pais ou qualquer outro que se proponha a ensinar, ou constituir família. 
Vejam quantos anos e rigor se exige para que um advogado, engenheiro, ou outro profissional qualquer, seja autorizado a exercer sua função. No entanto, para se exercer a função de pai, falamos do casal, que deveria ser o mais importante papel dentro de uma sociedade criativa, sensata, justa, nenhum pré-requisito é exigido, e mesmo a falta de experiência é bem vista, uma vez que nunca é combatida. Experiência em criar, não se resume ao saber cuidar, nutrir o bebê, falamos aqui de educação, não de cuidados físicos. Cuidar fisicamente a sociedade sabe fazer bem, pelo menos possui os recursos para isso. 
Antes de começar, o educador deve perguntar a si mesmo, o que para ele é ensino. Será ensino para ele a aplicação das matérias tradicionais, padrões da grade curricular de qualquer instituição, conforme determina a regra já exaustivamente praticada ao longo dos anos? Tem ele a intenção de ajustar a criança, fazê-la pensar e agir conforme todos da sociedade, que não funciona, já o fazem? Isto é, condicioná-la para se tornar mais uma engrenagem da gigantesca máquina social, pronta a seguir o pensamento corrente, ou deseja torná-la independente, um questionador de todos estes falsos valores? 
Fazê-los compreender como devem examinar os valores e influências que estão em volta deles, que direcionam suas condutas, não exige que esse mesmo educador esteja também ciente desses fatos? Um analfabeto é capaz de ensinar outro a ler? Se estamos limitados pelos nossos próprios problemas, e medos, como podemos ensinar estas crianças a resolver coisa semelhante? Assim, primeiro aprender, vivenciar, sentir pela própria experimentação, e só depois ensinar, não seria a coisa mais sensata e lógica? 
Para aconselhar sobre o medo, suas nuances e malefícios, primeiro deve o educador compreender como ele próprio se comporta diante da questão. Não sendo capaz de resolver seus medos, não poderá aconselhar seus educandos sobre o medo. Mas poderá ser sincero com eles e falar da sua própria fraqueza em relação ao medo. Isso criará entre ele e os alunos uma forte empatia, e uma vez que compartilha de seus temores e fraquezas com os mesmos, os alunos também se sentirão à vontade para fazer coisa semelhante. 
Um verdadeiro educador, jamais se colocará num pedestal da autoridade que sabe mais diante dos seus alunos. Afinal de contas, quem aprenderá a lidar com os alunos, estudará seus comportamentos para compreender suas disposições e preferências, quem, senão o educador? Então, quem está ensinando a quem? Se for educador por vocação, ficará grato por lhe ser permitido aprender com seus educandos. Um educador primeiro aprende, depois ajuda seus educandos a encontrar a melhor solução, respeitando os limites individuais de cada um deles.
Falar dos próprios limites aos alunos, constitui um dos mais elevados níveis de auto-aprendizado. Os benefícios são tantos, para os dois lados, que é impossível falar sobre o assunto em poucas linhas. Os alunos incutirão forte empatia e respeito pelo mestre, que como eles, também é imperfeito, e não nega isso. Eles também se sentirão à vontade para expressarem suas fraquezas, e limitações, e mais profundas dúvidas existenciais. Deve, no entanto, o mestre, resguardar-se de comentários que o possam colocar em situações embaraçosas, ou perderá o respeito. Falar demais nunca é bom, falar o necessário é a melhor política. 
Para criar em sala de aula um clima de respeito, seriedade, deverá o educador ficar atento às suas promessas, que devem ser cumpridas na íntegra. Agindo assim, ele poderá cobrar dos seus educandos. Explicar aos alunos o porquê de cada coisa, isso inclui as falhas pessoais, ou o não cumprimento de uma promessa, ajuda-os a criarem a necessária coragem, para compartilharem dos seus próprios dilemas individuais, e dúvidas. 
Conselho em demasia, tem o mesmo valor que qualquer coisa que recebemos em excesso; faz mal, cansa, torna-se coisa sem valor. Num momento crítico, as críticas e ressalvas mais prejudicam que ajudam. Alguém que está se afogando, precisa de alguém que lhe estenda a mão, não de alguém disposto a lhe passar um sermão. Passada a crise, uma conversa franca, interessada, questionando tudo que estava envolvido, de forma discreta, ordenada, será coisa bem vinda. Sendo o aluno ou filho arredio, encontrar um momento adequado, cuidando de não deixar a ocasião se distanciar muito do ocorrido, é essencial. Deixar passar o momento, é desprezar uma excelente oportunidade de aprendizado, para as duas partes. 
Autores:
Jon Talber - jontalber@gmail.com
Ester de Cartago - estercartago@yahoo.com.br


Fonte: http://sitededicas.uol.com.br/ed_integral_criancas_educador.htm

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